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Retratos do CBM

Você confiaria sua vida a alguém que conheceu a menos de 3 semanas?

Por Ayrton Aguiar (Aluno CBM 2_2007)

Nosso bom poeta Vinícius costumava dizer que tratava suas dores com os seus melhores amigos, sejam os cachorrinhos engarrafados ou pessoas de sua confiança… Mas, terapia nunca – esta seria a comprovação da falência pessoal. Bem, se tivesse praticado montanhismo talvez o poeta tivesse outra opinião sobre como lidar com seus problemas, principalmente porque este esporte pode muito bem ser comparado a uma terapia. Existem habilidades que são necessárias à todos hoje em dia, como lidar com pressão, aprender a confiar, delegar, dividir e assumir riscos, compartilhar e tomar decisões, trabalhar em grupo, planejar e realizar, errar e começar de novo… O Curso de Montanhismo do CAP é muito mais que um aprendizado esportivo ou de técnicas de escalada – é uma oportunidade ímpar de se aprender a lidar com o stress, as inseguranças e os traumas que a vida moderna apresenta. Medo de espaços pequenos e escuros? Você irá entrar em cavernas pouco exploradas. Esqueceu da lanterna? Quando precisar encontrar algo a noite na mochila sentirá sua falta… Desiste fácil? Verá pessoas com condição física pior que você conseguindo realizar as tarefas. Não cumpre horários? Será deixado nos refúgios ou acampamentos, pois pode prejudicar o grupo. Em menos de 3 semanas você estará escalando pedras de 20 metros e realizando a segurança de várias pessoas – você precisará delas e elas de você. Terá que confiar nas cordas e nas pessoas que lhe sustentam, assim como elas confiarão em você ao inverter-se os papéis. Um nó errado, uma distração ou deslize podem ter consequências graves. Você vai se esforçar muito carregando mochilas pesadas, subindo trilhas íngremes – as vezes sob chuva ou sol inclemente – se contorcendo em quebra-corpos nas cavernas e escalando rochas que teimam em lhe puxar para baixo ou pedir que você desista… Os instrutores? É imprescindível saber que um dia eles também sentiram as mesmas dificuldades – não há quase nada de carga genética na facilidade que eles demonstram em escalar, se contorcer ou orientar no escuro. Apenas paixão pelo que fazem. Vai passar muita raiva quando eles gastarem 6,7 minutos para escalar uma via que você levará 30 – se conseguir… São seres apaixonados pelo que fazem, com muito interesse em arregimentar mais membros para sua tribo. Curiosamente há mais candidatos para instutores do CMB do que vagas disponíveis – eles se divertem muito mais que a gente. Ao fim do dia, muita celebração pelos feitos realizados – em volta de alguns fogareiros, no meio do mato ou no alto de uma montanha, é o momento de rir, contar histórias e conversar sobre o que deu certo e errado. Dividir a comida, planejar o dia seguinte e definir as tarefas. Não, não é para muitos, apesar de aqui não existir nada de Lula e Juba, super-heróis ou feitos transatlânticos. Apenas um esforço danado em superar limites e conquistar o medo. É a conquista do inútil – a superação pelo caminho. Poucas vezes será mais claro que é o percurso que conta e não o resultado final. Você pode não virar um escalador ou montanhista ao final do CMB, mas garanto que será uma experiência marcante em sua vida. Durante dois meses, terá durmido mal e quase chegado à exaustão diversas vezes. Ralado as mãos, batido a cabeça e xingado o guia que teima em andar rápido. Mas nunca terá se divertido tanto. ================================================= Saída Andradas Por Manuel Tak (Aluno CBM 2_2007) Achei todos os guias uns sadicos. Ou mazoquistas. Ou os dois? Não sei… Primeiro eles sobem escalando como se fossem uma pena, leve e solto. Depois eh a nossa vez. Po, q merd. Como eh q eles conseguiram segurar nessas micro fendinhas mesmo? Po, sera q eles tem alicate nos dedos? Po, sera q tem solado de homem aranha? Entre mil perguntas e trancos e barrancos a gente chega ate eles todo contente: – Uh hu, cheguei! Daí vem a primeira licao: – Não grite Uh hu. Principalmente qdo há outras pessoas escalando juntos. Caramba, q q eu errei? Pq não se pode demonstrar a alegria da primeira conquistinha da escalada em rocha de verdade! Mas td bem, a gente obedece. Daí em sequencia tudo q fizer uma coisinha errada, ele diz: – vc morreu de novo e me deve mais uma caipirinha. Po, cara gosta de matar os outros…karambolas. Daí, pede para o proximo levar suco, bolacha, agua, chocolate, etc. E o cara fica pendurado entre mosquetoes, fitas e chapeletas durante horas no meio fio da rocha, debaixo de um sol de rachar, e nem vai fazer xx pq não da tempo. Caramba, ou ele adora ver os outros sofrerem, ou/e ele gosta de sofrer. Po, não eh possivel q o cara fica dia inteiro falando a mesma coisa durante horas e horas. Fora os mosquitinhos que ENCHOSACO sem parar. E pior, ele nem eh pago por isso… Ainda mais tem que ficar dando uma de psicologo pra dar apoio moral: “vai q dah!”, “vc consegue, ta quase!” e vira as costas e grita baixinho: “vai KARA… POR.!. “. Com certeza soh nao grita “Vai CFU” pq seria anti-elegantI… Mesmo com td isso, as vezes recebe um comentario do tipo ter mais pedagogia na parada. Opsss, pegou pesado. A explicacao passou dos limites cientifico-fisico e foi pro lado psicologico-pedagogico. Ainda assim, tenta demonstrar amabilidade e de fato nos ama de coracao, pelo q estamos fazendo, por que os estamos seguindo, passo a passo, igual uns pinguins q vao atras dos pais pro mar. Po, q raio de gente eh esse q se da tanto por tao pouco por uma coisa tao sem importancia? Opa, de repente o exclentissimo presidente em pessoa o Sr Robles fala: – Nos estamos aqui porque amamos do que fazemos e levamos isso muito a serio! Olha, sadicos ou mazoquistas ou nao, eles sao uns anjos. Principalmente na hora H qdo precisar de lembrar td aquilo q nos foi ensinado de bom grado, e qdo isso salvar as nossas peles e ossos. Eu voaria ate eles e daria um beijo, afinal seus sadismo e mazoquismo teria poupado a minha vida. Se a gente realmente seguir os passos dos nossos “mestres”, com certeza minimizaria os acidentes e tornaria a nossa brincadeira muito mais saudavel e faria disso um esporte sempre cheio de emocoes, e muitas historias (mentirinhas) pra contar pros nossos amigos. Parabens a todos os que dedicam seu tempo e paciencia em nome de um bem maior: o AMOR ao esporte. Forte abraco a todos os guias, instrutores, mestres e colegas do grupo.


6 de setembro de 2007

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