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O CBM dos famosos

por Fábio Lucato, Jan 2017.

O CBM realizado pelo CAP no segundo semestre de 2016 ficou conhecido como o CBM dos famosos. Tinha a Tomb Raider (Carina), o Leo Di Caprio (Fernando), o Mc Lukão (Lucas), o Rambo (Pedro), a Paty Maionese (Patrícia), a Ju cachinhos dourados (Juliana), o Tom (este que escreve), o Antonio Bandeiras (Eduardo), o Jack Chan (André), o Indiana Jones, ou PJ, (Arthur) e o Doctor (Renato, ou Renats).


Apelidos que foram surgindo quando subíamos o Pico do Marins, em nossa primeira saída do curso, quando ninguém se conhecia direito. O funk bolado pelo Lucas, o mais jovem e descolado montanhista, se mostrava como um grito de vitória, isso porque já nos aproximávamos do morro do careca, na zona segura de retorno à civilização (e ao torresmo que nos aguardava para aquela refeição mineira pós trilha).

Mal sabíamos que o Marins foi um passeio no parque, mesmo com nossas mochilas demasiadamente pesadas, típicas de um novato. Lá fui saber que a minha cargueira, de 80L, era usada para escalar o Everest, mas desnecessária para o Marins! Mesmo assim, felizes pela conquista, estávamos eufóricos com o nascer do sol de nosso primeiro bivak, o que nos deu força para continuar.

E as dificuldades começaram logo, já na organização das equipes para as saídas, passando pela arrumação dos equipamentos (os 10 essenciais, o kit de primeiros socorros), até a logística para chegar a partir de coordenadas geográficas e betas. Aqui começamos a ver e sentir a importância do planejamento.

Depois de muitas aulas teóricas no CAP, outras saídas, trabalhos sobre meteorologia, treino dos nós e procedimentos de escalada, percebemos que o curso começou a ficar avançado. O medo de altura, a falta de confiança no equipamento e a falta de experiência; enfim, tudo era motivo para nos sentir desafiados. Quem pensou que seria fácil, tremeu na base.

Começamos a gostar desse novo esporte, desse novo estilo de vida. A coragem de começar o CBM e de seguir até o final era testada a cada momento. E isso me fez lembrar do rapel na Prateleiras. Uma experiência incrível e muito radical. Festejamos quando a corda tocou o solo, já com todos prontos para voltar

Aos poucos fomos conhecendo cada um dos famosos. Esportistas competitivos, aventureiros rebeldes, ávidos escaladores indoor, turistas de “expedições comerciais” e alguns, como eu, que nem sabiam ao certo o que estavam fazendo ali, porque estar ali era a razão de se perguntar e achar.

Mas a montanha nos mostrou o denominador comum. Aprendemos que juntos vamos mais longe. Que há uma ética em escalar. Que devemos proteger o nosso meio ambiente, nos proteger e dar proteção aos demais. Que felicidade deve ser compartilhada. Que viver é assumir riscos e que aventurar-se é sentir-se vivo.

Acima de tudo, que companheiros de escalada serão amigos eternos e, por incrível que pareça, isso acabou sendo revelado não quando estávamos unidos pela corda da vida, subindo a parede ou dando segurança para o outro.

Foi na terapia de grupo, no lanche de trilha, no jantar preparado em conjunto no abrigo PICUS, ou mesmo no bivak compartilhado. Foi no perrengue que percebemos o prazer de estar ali, pertinho da montanha, prestes a saborear esse momento único de liberdade e puro contato com a natureza.

Só temos a agradecer aos fundadores do CAP, aos amigos famosos do CBM, aos nossos mestres, instrutores e guias, por dividirem o conhecimento, por terem se aventurado primeiro e nos mostrado que o caminho para a montanha está aberto a todos que tenham um bom coração, um enorme amor pela natureza e que aceitem o risco de ultrapassar as fronteiras, sempre com humildade e respeito à montanha.

Gratidão enorme aos meus amigos CBMs, que me ajudaram a percorrer cada passo, cada milímetro de rocha, cada metro de rapel, para eu contar tudo isso ao meu filho, a quem espero inspirar nesta aventura de conhecer o mundo e melhorá-lo.

Que continuemos subindo as montanhas.

É o meu desejo a todos vocês.

Um abraço do Tom.

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